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quarta-feira, 7 de julho de 2010

O mercado das vaidades

Eclesiastes 1.1,2


Quantas pessoas já tiveram a impressão de que nadaram, nadaram, nadaram e morreram na praia, como diz um ditado popular? Quantos parecem que correram atrás do vento? Quantos investiram tempo, saúde, alegrias, dinheiro e ao final concluíram que de quase nada valeram seus esforços? Quantos já não chegaram um dia a conclusão de que sua vida foi ou ainda é um somatório de inutilidades descabidas?


Talvez nos venha à mente neste instante o nosso velho homem pecador de antes da conversão ou quem sabe aquele vizinho ou parente obstinado e incrédulo que conhecemos. Entretanto, gostaria que refletíssemos em nós mesmos, com nossa teologia bem montada e com nossos vícios eclesiásticos de membros de Igreja. Não vai adiantar muita coisa se ficarmos olhando para o quintal dos outros, pois esta palavra tem a ver com você e comigo.


Possivelmente o Rei Salomão foi o autor deste livro. Estudiosos, em sua maioria, concordam que ele tenha escrito Eclesiastes em sua velhice, mergulhado em idolatria e desiludido com um estilo de vida extravagante e materialista. Salomão registra suas reflexões negativas a respeito da futilidade de buscar felicidade nesta vida, à parte de Deus e da Sua Palavra. O incrível é que até hoje muitas pessoas também tentam fazer a mesma coisa que Salomão, tentar viver debaixo das vaidades deste mundo.


Sem dúvida alguma este livro é de grande valia para a Igreja contemporânea. Em um tempo de frenética busca a felicidade, Eclesiastes vem como um alerta vermelho àqueles que desejam fazer do cristianismo um trampolim para a concretização de seus desejos mais carnais. Todavia, Deus é bom e sua misericórdia dura para sempre. Esta é a oportunidade de refutarmos definitivamente de nossos corações a praga de um evangelho superficial e mundano que vem sutilmente maculando a noiva de Cristo, Sua Igreja.


Não queira se esconder dos fatos. Existe um mercado de vaidades bem próximo de você. Ele pode estar no seu trabalho, na sua escola, no comercio popular ou no shopping, ou pior, dentro de sua própria casa, diante de toda sua família neste momento. As ofertas são tentadoras, uma pechincha, tão barato que nem analisamos direito o rótulo. Sabe de uma coisa, nem adianta olhar o rótulo, os produtos deste mercado não prestam, estão todos estragados, lixo, um monte de imundice.


Ao lermos Eclesiastes nos deparamos com algumas vaidades humanas que nos deixam incomodados com o reflexo de nós mesmos. Nossa natureza de pecado anseia por estas vaidades, somos famintos destes produtos. Neste livro a vaidade tem significado de “coisas vãs”, “futilidades”, “vacuidade”, coisa sem nenhum tipo de valor, como um ídolo inútil e falso. São estas vaidades que fazem parte do mercado diabólico e humanista que devemos ficar atentos.


Estaremos vendo apenas algumas vaidades dispostas neste mercado. Em Eclesiastes 2.1 encontramos: “Disse eu no meu coração: Ora vem, eu te provarei com alegria; portanto goza o prazer; mas eis que também isso era vaidade”. Quantas vezes buscamos os prazeres deste mundo? E não estou me referindo apenas ao prazer sexual. O texto mais adiante fala sobre o conforto de uma boa casa com pomares de frutas e jardins. A vaidade do status social e do poder que isto representa mesmo adquirido de forma honesta.


Não é pecado ter conforto, mas quando isto se torna um ídolo, algo imprescindível para a felicidade, o homem se engrandece e Deus se torna apenas um objeto na realização de seus desejos. Salomão experimentou todos os prazeres deste mundo, mas nenhum deles preencheu o vazio de sua alma. Será que estamos fazendo o mesmo com a nossa teologia do dinheiro no bolso, do carro na garagem, do status de um homem ou mulher que venceu na vida com seus próprios méritos?


Vaidade louca que nega a Cristo. Futilidade humana que perece ao rasgar o evangelho da renuncia. Onde estão aqueles que morreram para o mundo? Pelo contrário, o desejo de alguns é que Jesus nunca volte para não ter que perder aquilo que conquistaram com tanto trabalho. Esta é a miséria de um deus menor, que de senhor se tornou servo para o desfrute dos prazeres de alguns neste mundo. Será que você esta buscando no mercado das vaidades os prazeres para este mundo? A Bíblia diz: “Deleita-te também no SENHOR, e te concederá os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele o fará.” (Salmos 37.4,5).


Mas o mercado das vaidades oferece outros produtos de igual valor destrutivo. Em 1 João 2.16 diz: “Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo”. Os desejos provenientes do homem é concupiscência da carne e a soberba da vida faz encher o coração do homem de orgulho. Somos mortais, o pecado nos deu seu salário que é a morte. Alguns trilham a caminhada da vida como se nunca fossem experimentar a morte, mas todos nós haveremos de enfrentá-la até a volta de Cristo. O que é mais importante a morte ou a vida? Em Mateus 10.39 diz: “Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á.”


Neste mercado o homem soberbo acha que é insubstituível. Todos devem reverenciá-lo devido a sua grande importância neste mundo ou na Igreja. Mas Salomão escreve: “Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó” (Eclesiastes 3.20). Somos pó, nossa vida só é especial em Deus. Devemos nos curvar aos Seus propósitos e entregarmos a Ele os sucessos que obtivemos nesta vida. Em Eclesiastes 7.20 diz: “Na verdade que não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque”. É chegado o tempo de pararmos com o auto-endeusamento e com a idolatria de líderes falíveis e finitos que como nós hão de experimentar a morte e o julgamento de Cristo.


As gôndolas do mercado das vaidades estão repletas de produtos perecíveis. O egoísmo enche o coração de vazio. Em um mundo egocêntrico, primeiro lugar eu e os outros que dêem seu jeito. Umas das grandes mazelas da sociedade moderna é o “narcisismo”. Em Eclesiastes 4.8 diz: “Há um que é só, e não tem ninguém, nem tampouco filho nem irmão; e, contudo não cessa do seu trabalho, e também seus olhos não se satisfazem com riqueza; nem diz: Para quem trabalho eu, privando a minha alma do bem? Também isto é vaidade e enfadonha ocupação.” Não há coisa pior que uma pessoa que somente vê o seu umbigo. As pessoas têm que servi-lo. Tudo gira ao seu redor. Ele não pode ser contrariado, pois seu pensamento é inquestionável. A verdade é que para ele todos os outros são apenas degraus para o seu sucesso.


Como um pecado sozinho não é muito o mercado das vaidades oferece variedades para que o apetite carnal nunca seja saciado. Com o orgulho instaurado na vida do soberbo, a ganância é um prato atraente aos olhos. Em Eclesiastes 5.10 diz: “Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade.” Quantos amantes do dinheiro têm em uma sociedade capitalista? Mesmo o mais pobre do ganancioso acha no dinheiro a resposta para a sua felicidade. A cobiça é o estado deprimente da alma egoísta. Quantos trabalham desesperadamente acreditando que o dinheiro trará paz. Alguns evangélicos estão se deixando levar pelas belas propagandas do mercado das vaidades. Mamom é um deus cruel, quando menos se espera ele pede sua parte da herança, e esta parte é toda.


Gostaria de concluir que o mercado das vaidades está aberto 24 horas por dia. Nele podemos conseguir tudo aquilo que uma alma sem Cristo pode ter. As vaidades deste mundo são bem maiores que estas abordadas neste estudo, mas podemos imaginar o quão horrendo é o porão deste mercado. A vista as coisas são aparentemente boas, no entanto, tudo não passa de armadilha para escravizar o homem em seus próprios desejos maus. Não podemos fechar este mercado diabólico, mas podemos dizer não aos seus apelos de consumo. Em Eclesiastes 12.13,14 diz: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.” Que nossa vida faça algum sentido em Cristo.






Pr. Eurico C. G. da Costa
preuricodacosta@ig.com.br
Pastor na Sétima Igreja Batista de Campos

Livrando-se das ataduras da alma

“E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir.” (João 11.44)





Este defunto ao qual a Bíblia se refere se chamava Lázaro. Um homem comum que vivia em Betânia, na Judéia. Ele não tinha títulos importantes, parentes influentes na política, muito menos no Sinédrio. Seus únicos atributos eram de um homem trabalhador que sustentava suas irmãs, Marta e Maria, pois eram órfãos. Mas a maior das qualidades que ele possuía, sem dúvida alguma, era a de conquistar novas amizades. Uma dessas amizades era com Jesus de Nazaré.

Lázaro havia padecido de uma grave doença e estava à beira da morte quando suas irmãs mandaram chamar a Jesus. Elas sabiam que somente Ele poderia trazer seu irmão à normalidade. Porém, Jesus tinha outro plano ainda mais excelente do que elas pensavam. “Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.” (João 11.4). Quantas vezes nos vemos enfrentando lutas terríveis como essa família enfrentou? Mas podemos confiar que Jesus tem planos mais excelentes em nós também.

Lázaro teve que morrer para que a glória e a mensagem de Jesus pudessem ser manifestas. Podemos ver em Lázaro um protótipo do crente em Jesus. Estávamos mortos (espiritualmente) em nossos delitos e pecados. Afastados completamente da glória de Deus. Somente em Jesus podemos ter vida abundante e eterna. No entanto, quase sempre precisamos de ajuda para nos livrar dos lenços e faixas envoltos no rosto, nos pés e mãos, pois eles nos atrapalham na caminhada cristã.


A Bíblia nos ensina que o homem sem Cristo esta perdido, condenado a viver eternamente separado de Deus, destituídos de Sua glória. “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3.23). Porém, ainda existe solução para toda a humanidade. Jesus Cristo. Viver sem Cristo é a mesma coisa que morte espiritual. Só poderemos viver em Cristo mediante os pilares da salvação: 1- Reconhecer-se como pecador; 2- Crer em Jesus como salvador; 3- Arrepender-se pelos pecados; 4- Confessar os pecados a Deus. Lógico que não existe aqui uma ordem cronológica, entretanto, quando o homem recebe a Jesus como seu Senhor e Salvador ele experimenta automaticamente o novo nascimento.


Wayne Grudem escreveu que “o novo nascimento ou regeneração é o ato secreto de Deus pelo qual comunica nova vida espiritual”. Foi isto que Jesus explicava a Nicodemos em João 3.5-8: “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito”.


O novo nascimento é a reconciliação definitiva com Deus, é se tornar uma nova criatura, agora com DNA espiritual. Em II Coríntios 5.17 diz que “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. Os rabinos no tempo de Jesus usavam a expressão “nova criatura” para descrever aqueles cujos pecados foram perdoados. Não há aqui a idéia de mudança do passado da pessoa, mas, sim, mudança de sua posição a Deus e ao mundo. A nova criatura deixa seu estilo de vida mundano e passa a viver no renovo de Deus, agora tudo se faz novo.


O homem regenerado deve estar mergulhado no Espírito para experimentar da santidade de Deus, isto é, cada dia mais semelhante a Jesus. O novo homem já tem sua identidade posicionada em Deus, mas deve se desenvolver no caráter dEle. A santificação é o desvencilhar-se das ataduras da alma.


Quantas pessoas se confundem nestas questões, não conseguem entender que o crente em Jesus necessita de cura em sua alma. A alma é o nosso eu interior, nossa personalidade. E como a nossa alma foi machucada e ferida longe de Cristo. Nascemos em Cristo, mas a ataduras estão lá, nos prendendo. Elas nos impedem de caminharmos com segurança, nos impedem de enxergarmos plenamente. Nosso espírito está livre, mas nossa alma muitas vezes atada. É por esta razão que ainda continuamos a pecar, mesmo salvos. “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós” (I João 1.8).

Você sabe como nos desvencilhamos destas ataduras? Confessando nossos pecados. “Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tiago 5.16). Quando Jesus mandou Lázaro sair do sepulcro Ele completou: “Desligai-o, e deixai-o ir”. Como Igreja somos chamados a desatar as ataduras dos nossos irmãos. Ninguém consegue viver uma vida em santidade sozinha, pois necessitamos confessar nossas culpas uns aos outros, pois somente assim sararemos. Mas que ninguém se engane, nossa alma só estará completamente curada na glória com Jesus.




Pr. Eurico C. G. da Costa
preuricodacosta@ig.com.br
Pastor Auxiliar da Sétima Igreja Batista de Campos
ministeriojovemsetibc.blogspot.com